Marejar
é ver a jangada despedaçada
após a revolta do mar
Ver-se vela
sob alívio do sopro,
blasé no apagar da chama
enquanto a dor aquarela
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Marejar
é ver a jangada despedaçada
após a revolta do mar
Ver-se vela
sob alívio do sopro,
blasé no apagar da chama
enquanto a dor aquarela
Tempo levado
Correndo de lá para já
Tempo que apronta na chuva
Tempo menino
Há prazo apertado
Pés de barro na rua
Hora do ganho
Grito da lua
Fome no espaço
Temo
Sem páprica nos papiros
Papilas adoram desvendar
uma massa folhada
enquanto pupilas
se escondem
Memórias afetivas
São divas adormecidas
Nos panos, em sedas
No cheiro de flores
Intrometidas nos seios
Em meias-taças
Fartas de desejo
De sabores de pele
Sob meias-verdades
No vazio dos scarpins
Que já não dançam mais
Mas quando tocadas
Num breve beijo de ilusão
Desnudam-se pra nos seduzir
Nos embreagar em vão
E mais uma vez partir
Adoro folhas, folhas em branco
Bailando ao som da ventania
No tempo brando da poesia
Meu céu é blues-epifania
Trago um pouco dessa vida
A luz sussurra e faz morada
Respiro, suspiro, e mais nada...
Centelhas despertam os lírios
Solidão é prisão
de grades abertas
de certezas incertas
do chão virar vazio
do cão latir vadio
na escuridão, o frio
de feridas abertas
Descubra-me
Veja minha alma
nua em chama
Lua lambida de Sol
Interpele esta pele que reclama
Deite e cale quem lhe ama
Fogo é ficar só
Não demore muito
O mundo não dá mole
Dê gole profundo
Divino tinto, demole tudo
Escorre o culto, ode
Decanto, pairo
Doce é o rio de Ubuntu
Quando morreu a poesia
aquele manto frio no chão
me fez casulo ferido
Dormi, ouvindo a escuridão
Acordei diminuto em minuto
sem pranto, miúdo, um grão
Do canto mudo, o vão
O vento me levou embora