segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Cibernética x Humanidade


Quanto mais uso a internet, mais falta eu sinto do calor humano. Eu sei, com a tecnologia a gente se diverte, mas parece que me isolo a cada ano. Sinto falta dos reais amigos, das vozes, sotaques, trejeitos singulares, das longas conversas, apelidos, piadas, gargalhadas, e sentimentos que brilham nos olhares; das brincadeiras e bagunças nas madrugadas, dos abraços macios e inocentes afagos.

Não me lembro mais de uma desculpa ao-vivo, sequer de discussões sadias que precisamos. Nossos corações se tornaram um crivo. Somos seletivos demais, aprendemos de menos. Desviamos nosso foco da plena interação, paradoxalmente à cibernética atual. A lógica permeando cada vez mais a comunicação e as palavras tornando-se frias nesse mundo virtual.

Confiamos mais nas máquinas do que em nós mesmos. Temos corretor ortográfico, mas corretor espiritual não usamos. Robotizamos o coração, pois não temos tempo para os outros. Sei que ainda vale devanear no vale das poesias e reativar nossas sensações e pontos cognitivos, mas temo que no futuro só falemos:

Do amor intrínseco entre o circuito integrado e a placa eletrônica, do brilho intenso do LED, do frescor artificial do Cooler, da conexão energética e sensual entre periféricos e portas USB, do colorido porta-retratos em 3D, com fragrâncias "reais" da bela moça e de sua flor no cabelo, dos mistérios nebulosos ocultados nos Emotions e codinomes, das flores, plantas, frutas e corpos plastificados, dos robôs eróticos e seus apetrechos gelados, das senhas de acesso e logins desvirginados, do fluxo veloz dos dados e demais derivados.

Que meus genes não sejam influenciados a ponto de meus filhos se tornarem alienados, pois nada mais envolvente, benéfico e primordial do que conhecer, interagir, compartilhar e amar pela forma mais genuína da vida. Olho-no-olho, gente-por-gente.

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